Conversas d'almoço

Nada me dá mais prazer do que almoçar fora à sexta-feira… é o prenúncio dolente do fim-de-semana que se aproxima. No verão, todo este mise en cène ganha um pequeno detalhe… é acompanhado por um gin tónico, ou dois, quiçá três!
O almoço de hoje parecia rotineiro, bem disposto, mas normal. No seguimento de uma conversa, diz-me o meu interlocutor:
- Sabias que há uns anos, durante o consulado cavaquista, o Teatro Nacional de São Carlos esteve para ser vendido?”
- Sério? – Perguntei estupefacto.
- Nem mais! Uma negociata apalavrada entre a seguradora X e o secretário de estado Y. E para cúmulo, quando confrontado com o desemprego evidente do corpo artístico do teatro, o secretário de estado respondeu “Mas há aí tantos casamentos onde podem tocar!”

P.S. A propósito deste episódio ocorre-me um outro passado, também ele, há um bom par de anos. A Escola Superior de Música de Lisboa avisara o Ministério da Educação que o edifício onde estava instalado não suportava o peso de todo o equipamento escolar, pelo que era necessário tomar medidas urgentes para solucionar o problema. Numa celeridade pouco comum, o secretário de estado prontificou-se a fazer uma visita ao edifício. No fim do seu périplo pela escola, retorquiu sapientemente ao director:
- Ouça lá, e que tal tirar todos os armários pretos das salas? Têm um aspecto pesadíssimo!
Perplexo com o que ouvira, o director respondeu:
- Refere-se aos pianos verticais, certo?
- Esses mesmos!